segunda-feira, 16 de abril de 2012

Relembrar é Viver

Black-Ps2

Black é um jogo de tiro em primeira pessoa pouco focado nos tiroteios intensos ao invés da estratégia e ataques táticos. Apesar de não apresentar batalhas sangrentas e extremamente brutais, o título é apresentado sob uma perspectiva cinemática à la Hollywood. Contando com armas extremamente detalhadas e cenários altamente destrutíveis, o jogo traz uma nova proposta ao gênero.
Você incorpora Jack Kellar, um sargento de primeira classe da CIA que apresenta um pequeno problema ao aceitar ordens. Um homem cuja identidade não é revelada leva Kellar, algemado, a uma sala de interrogatório, questionando-o sobre a operação terrorista chamada, Seventh Wave, a qual o sargento havia presenciado em uma missão há quatro anos. Kellar, então, narra sua história, que é sentida na pele pelo jogador.
O título apresenta poucas novidades em relação aos seus congêneres. O maior diferencial de Black fica por conta da aparência geral do game, que conta com a simulação de efeitos cinemáticos como a profundidade de campo — que foca ou desfoca de acordo com a perspectiva — e armas bastante detalhadas.
Ao perder uma grande quantidade de energia, o jogador entra em um modo especial, no qual a tela fica preta e branca e tudo fica mais lento. As batidas do coração do sargento ecoam alto alertando o jogador de que podem ser as últimas.
Desde os primórdios dos games eletrônicos, jogos de tiro em primeira pessoa fazem sucesso, porém é difícil encontrar um jogo neste gênero para consoles que façam sucesso entre os jogadores. Isso se deve à jogabilidade, pois utilizar o controle do videogame é muito menos prático que o teclado e o mouse de seu computador.

Ainda assim, é comum encontrar grandes títulos no gênero que foram lançados exclusivamente para consoles. Bons exemplos são o clássico Medal of Honor, que foi lançado, originalmente, com exclusividade para o Playstation (ainda que tenha recebido um porte para o Pc algum tempo mais tarde). Também podemos citar alguns títulos lançados nos últimos meses, como The Darkness, Medal of Honor: Heroes 2 e outros menos conhecidos.

Black é um desses grandes sucessos. Apesar da incompatibilidade entre os controles do Playstation 2 e o gênero FPS, os jogadores se apaixonaram pelo título, que é considerado o melhor jogo de tiro do console. Por incrível que pareça, a movimentação do personagem não ficou incômoda, e a destrutibilidade do cenário é impressionante.

História não é importante, explosões sim!

O enredo de Black é um pouco bobo e não oferece grande atração aos jogadores, que em pouco tempo estarão pulando as cenas que interligam as missões — todas elas filmadas por atores reais, técnica conhecida popularmente como Live Action —, ainda que estas tenha sido muito bem produzidas.

O jogo conta a história de Keller, um soldado que foi preso após desobedecer inúmeras ordens nos últimos 5 dias e deve colaborar com o governo para salvar sua vida de uma prisão perpétua. Enquanto Keller conta a história, o jogador a revive na pele do soldado.

Existem dois pontos que tornam o jogo irritante. O primeiro é a imensamente longa introdução: uma tela escura com letreiros brancos apresentando os principais participantes da produção do jogo faz com que o jogador passa mais de 2 minutos parado frente à televisão aguardando pacientemente por alguma cena interessante.

O segundo ponto é referente às cutscenes, que são todas muito parecidas — uma sala de interrogatório numa cadeia norte-americana serve de cenário para todas elas —, o que faz o jogador pulá-las após a terceira ou quarta cena.

Entretanto, jogos de tiro em primeira pessoa nem sempre oferecem uma história cativante. Neles, o que importa mesmo é o número de inimigos que o jogador deve matar, executando uma matança sem uma só gota de misericórdia por todo o cenário.

Burrice Artificial

Ao conjunto de códigos que oferece “inteligência” de seus adversários em um jogo, dá-se o nome inteligência artificial, popularmente conhecido como IA ou ainda AI (do inglês Artifficial Intelligence). Entretanto, A inteligência artificial em Black é tão fraca, que o nome mais apropriado seria burrice artificial.

Muitas vezes seus adversários estão bem à sua frente e não atacam, outras, tomam tiros e mais tiros e até granadas são lançadas em sua frente, porém não existem respostas aos ataques. Não, o inimigo não ficou preso em um movimento estranho, ele pode mover-se livremente, e depois de um tempo até decide atirar, porém o sistema de inteligência artificial foi tão mal desenvolvido que em alguns momentos as respostas pré-definidas — “se eu receber um tiro, eu atiro”, por exemplo — não são executadas. Uma grande frustração.

Além disso, mesmo que o jogo não apresentasse tais falhas críticas, seus adversários continuariam fáceis demais (mesmo no modo difícil). É raro ser morto, sendo que isso só ocorre quando o número de inimigos é muito alto e você acaba sendo preso em um corredor ou outra região pequena do mapa, afinal a mira dos adversários é muito ruim.
Controles intuitivos e de boa sensibilidade

Como citado no início da análise, o grande empecilho para jogos de tiro em primeira pessoa nos consoles é com relação à movimentação da câmera. A sensibilidade dos analógicos não é suficiente para uma movimentação fluída como a do mouse do PC, o que faz cair consideravelmente a diversão de um FPS em consoles.

Para corrigir esse incômodo, a maioria absoluta dos títulos opta uma mira “magnética”, que é atraída pelos inimigos sempre que passa perto de um deles. Isso facilita a vida dos jogadores, porém os fãs de desafios sentem-se prejudicados, já que a dificuldade dos jogos diminui consideravelmente.

Os desenvolvedores de Black escolheram essa alternativa, tornando a jogabilidade do jogo boa, porém demasiadamente fácil. Aliando o nível de dificuldade reduzido à inteligência artificial fraca, o jogo perde grande parte de sua emoção.
Entretanto, por outro lado, a sensibilidade ficou na medida e o uso de outros controles do jogo — como recarregar ou trocar de arma, bem como usar pacotes de vida ou zoom — foram perfeitamente desenvolvidos, o que fornece ao jogador baixa curva de aprendizado (média de tempo para dominar o jogo) e uma imersão mais estável durante a experiência.
 
Física excepcional e trilha sonora enebriante!
Atualmente, quase dois anos após o lançamento de Black, é muito fácil encontrar inúmeros games muito mais emocionantes que este, principalmente no aspecto gráfico. Não era de se esperar que o jogo seduzisse mais que a física e as texturas de Crysis ou Bioshock, porém ainda hoje a física deste que foi considerado o melhor FPS do Playstation 2 é capaz de impressionar.

A destrutibilidade do cenário é maior que a de muitos títulos lançados após ele, levando em consideração os vários barris, caixas e veículos explosivos encontrados no cenário. Uma cena que ilustra perfeitamente a beleza de tal mecanismo durante o jogo é a passagem por uma fazenda abandonada, onde o herói se vê sozinho na casa principal da fazenda, e é cercado por um grande número de adversários.

O que salva Keller de um combate longo e sangrento neste momento é um silo repleto de combustível do lado de fora do casarão. Atirando nele, muitos dos adversários serão dizimados. Muitos podem considerar essa tática pouco atraente, por tirar a emoção do combate, mas ver uma explosão gigantesca faz parte da emoção de jogos de guerra, e no caso desse silo, torna-se evidente que explodi-lo é muito mais divertido. Ainda assim, se você prefere atirar em cada um dos adversários, pode optar por essa tática também.

As texturas e a modelagem de Black também não ficam atrás. Como o título foi um dos últimos lançamentos importantes exclusivos do PS2, seus gráficos representam todo o potencial do console. O único problema verificado nesse quesito foram algumas quedas consideráveis na taxa de quadros por segundo, apresentando imagens travadas em alguns momentos decisivos da ação.

Já a trilha sonora do título é um caso à parte, já que definitivamente este é o melhor aspecto do jogo.  Produzida com efeitos de profundidade, batidas cardíacas que emudecem o som dos tiros quando o personagem está prestes a morrer e muitos outros efeitos sonoros incríveis que dão conta de conduzir o jogador da melhor forma imaginável.

Vale a pena dar uma chance

Como fica claro acima, o ponto de vista audiovisual e de jogabilidade de Black são excelentes. Entretanto ao penetrar mais a fundo no game, buscando viver instensamente cada momento de seu enredo e todo o desafio possível, logo damos de encontro com uma leve frustração.

Porém, se você possui um PS2 e é fã de jogos de tiro, é uma obrigação concluir Black, e visto que os principais defeitos deste título consistem em ser muito curto e em sua baixa variedade, Black não é um título no qual os jogadores devam investir muito. Pelo contrário, o mais correto seria locá-lo, já que poderão concluir suas missões rapidamente e economizarão um bom dinheiro para jogos com uma durabilidade maior.

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